segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Crônica produzida

“Além do horizonte”

   -Clarice! – era o doce som da voz da minha mãe que rondava os corredores da casa à minha procura.- Onde está você minha filha?
   -Estou aqui mamãe!
   Ela não disse nada, mas seu olhar dizia tudo. Estava feliz e aliviada por me ver.
   Horas depois, após o jantar, pude ver minha mãe chorar aos prantos nos braços do meu pai. Eles viram que eu estava observando e fecharam a porta. Por quê mamãe chorava tanto? Era o que me perguntava a noite toda.
   No dia seguinte, na sala de jantar, perguntei:
   -Mamãe, por quê a  senhora chorava tanto à noite?
   Todos ficaram assustados. Achavam que eu era muito pequena para entender que havia algo de errado.
   -Sim minha filha , estava chorando.
   -Por quê?
   -Eu estou doente minha filha. Tenho uma doença terminal.
    Foi a pior notícia que eu pude receber, ou melhor, que alguém pode receber. É como se arrancassem um pedaço de você e o seu chão desmoronasse. Chorei durante toda a noite.
Um mês se passou. Minha mãe já não estava tão bem assim. Seus cabelos estavam caindo e mal se agüentava em pé.Em um dia , à tarde, meus pais estavam saindo às pressas para pegar o primeiro navio no porto, exatamente ao pôr-do-sol. Apenas me disseram que iriam ao médico e voltariam em poucas horas. Como foi combinado, alguém chegou em casa em poucas horas. Apenas meu pai. E minha mãe? Era o que perguntava todo dia a ele , apenas obtendo a resposta de que um dia o destino iria nos unir outra vez.

   Desde então, fico olhando pela janela do meu quarto o oceano e todos os navios que passam por ele, sempre mantendo a esperança de que um dia irei vê-la novamente. Fico esperando todo dia desde o pôr-do-sol até o anoitecer. E todas as noites , lá no céu, observando as estrelas, a mais radiante, que corresponde ao meu olhar, é a minha mãe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário