“Além do horizonte”
-Clarice! –
era o doce som da voz da minha mãe que rondava os corredores da casa à minha
procura.- Onde está você minha filha?
-Estou aqui
mamãe!
Ela não disse
nada, mas seu olhar dizia tudo. Estava feliz e aliviada por me ver.
Horas depois,
após o jantar, pude ver minha mãe chorar aos prantos nos braços do meu pai.
Eles viram que eu estava observando e fecharam a porta. Por quê mamãe chorava
tanto? Era o que me perguntava a noite toda.
No dia
seguinte, na sala de jantar, perguntei:
-Mamãe, por
quê a senhora chorava tanto à noite?
Todos ficaram
assustados. Achavam que eu era muito pequena para entender que havia algo de
errado.
-Sim minha
filha , estava chorando.
-Por quê?
-Eu estou
doente minha filha. Tenho uma doença terminal.
Foi a pior
notícia que eu pude receber, ou melhor, que alguém pode receber. É como se
arrancassem um pedaço de você e o seu chão desmoronasse. Chorei durante toda a
noite.
Um mês se
passou. Minha mãe já não estava tão bem assim. Seus cabelos estavam caindo e
mal se agüentava em pé.Em um dia , à tarde, meus pais estavam saindo às pressas
para pegar o primeiro navio no porto, exatamente ao pôr-do-sol. Apenas me
disseram que iriam ao médico e voltariam em poucas horas. Como foi combinado,
alguém chegou em casa em poucas horas. Apenas meu pai. E minha mãe? Era o que
perguntava todo dia a ele , apenas obtendo a resposta de que um dia o destino
iria nos unir outra vez.
Desde então,
fico olhando pela janela do meu quarto o oceano e todos os navios que passam
por ele, sempre mantendo a esperança de que um dia irei vê-la novamente. Fico
esperando todo dia desde o pôr-do-sol até o anoitecer. E todas as noites , lá
no céu, observando as estrelas, a mais radiante, que corresponde ao meu olhar,
é a minha mãe.
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